A coordenadora de desenvolvimento regional, Ísis Mathias, integrou a delegação brasileira participante do Seminário sobre Gestão do Desenvolvimento Sustentável Agrícola e Reforço das Capacidades para a Redução da Pobreza do Brasil, realizado na China pela Foreign Economic Cooperation Center (FECC), entre 4 e 24 de setembro de 2025.
O programa teve como propósito aprimorar as competências de autoridades e especialistas brasileiros em temas de gestão agrícola, proteção ambiental e redução da pobreza no meio rural, promovendo a troca de experiências e a observação de práticas e políticas públicas bem-sucedidas em diferentes regiões da China.
A delegação brasileira, composta por 29 representantes, reuniu profissionais das esferas governamentais estaduais, municipais e federais, além de instituições de ensino e do setor privado. Além da SEPLAG, estiveram presentes representantes das Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços (SEDEICS), dos municípios de Duque de Caxias e Magé (RJ), da UFRJ, de órgãos de Minas Gerais (Casa Civil, SEDES e EMATER), do Espírito Santo, da Bahia (programa Bahia Sem Fome), da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), do SNA Startup Hub (SNASH), e de três startups indicadas por este — Conéctar, Maneje Bem e Já Entendi Agro — além de representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e da Embrapa Solos.
Durante o seminário, os participantes acompanharam aulas teóricas e visitas técnicas a centros de pesquisa, empresas e comunidades rurais que exemplificam o êxito das políticas chinesas de desenvolvimento sustentável com responsabilidade social.
Em Wuhan, o grupo conheceu experiências de agricultura de lazer e turismo, além de centros de biotecnologia vegetal e melhoramento genético de sementes, como a Wuhan Chuwei Biotechnology Co., a Kejia Seed Technology Co. e a Fazenda da Trilha Verde do Lago Donghu.
Em Changsha, visitaram o Centro de Arroz Híbrido da Longping High-Tech e a Zoomlion, referência em maquinário agrícola, e participaram de um fórum sobre a experiência de Hunan na consolidação dos resultados da redução da pobreza e na revitalização rural.
Já em Yongshun, a comitiva conheceu empresas locais de produção e processamento de chá, arroz e frutas vermelhas, compreendendo o papel da indústria rural e da inovação tecnológica na geração de emprego e renda. A visita incluiu a Vila de Shibadong, berço do conceito de “alívio preciso da pobreza”, e o Parque Industrial de Agricultura Moderna de Yongshun.
As estratégias chinesas de erradicação da pobreza
O modelo chinês de erradicação da pobreza — base do aprendizado durante o seminário — articula múltiplas frentes de atuação, com ênfase na integração entre crescimento econômico e inclusão social. Entre as principais diretrizes observadas, destacam-se:
- Crescimento econômico inclusivo: o desenvolvimento foi vinculado à geração de empregos e ao fortalecimento da agricultura, garantindo que o crescimento beneficiasse diretamente as populações rurais.
- Desenvolvimento agrícola e rural: políticas de modernização tecnológica, subsídios, transferência de conhecimento e investimentos em infraestrutura rural (estradas, energia, internet, saneamento e educação).
- Combate preciso à pobreza: iniciado em 2013, combinou identificação individualizada de famílias vulneráveis, planos personalizados, responsáveis locais, sistemas de monitoramento e ações integradas (realocação voluntária, empreendedorismo, capacitação, compensações ecológicas e segurança social).
- Industrialização e geração de emprego: criação de indústrias orientadas à redução da pobreza, aproveitando os recursos locais e fomentando parques industriais rurais voltados à geração de renda.
- Sistema de proteção social abrangente: ampliação da cobertura de saúde, educação obrigatória, subsídios de subsistência e moradia segura, com atenção especial a grupos vulneráveis.
- Integração entre governo, mercado e sociedade: modelo de governança coordenada “quatro em um”, que reúne o Estado, o mercado, a sociedade civil e os próprios beneficiários.
- Inovação tecnológica e sustentabilidade: políticas que promovem o uso de tecnologias 5G em aldeias e vilas, agricultura inteligente e energia solar em prol da inclusão social e da proteção ambiental.
Síntese institucional
As experiências observadas na China oferecem referências valiosas para o aprimoramento da gestão agrícola e para o enfrentamento das desigualdades socioeconômicas no meio rural brasileiro, em consonância com os princípios de inovação, sustentabilidade e inclusão produtiva abarcados pelo PEDES.


















